No interior de Minas Gerais, dezenas de comunidades se espalham por pradarias repletas de Eriocaulaceae, as sempre-vivas.
Colhida durante o ano todo, a planta é responsável pela geração de reda de várias familias do Alto Jequitinhonha. De Serro a Diamantina, cerca de três mil famílias se ajustam a uma mesma cadeia produtiva, pelo menos 20 municípios localizados entre as Serras Negra e do Cabral estão envolvidos direta ou indiretamente com a atividade.
Em 1197 , a coleta indiscriminada resultou na proibição do extrativismo, e isso gerou impacto instantânio na rotina dos povos tradicionais. Da dificuldade, brotou o movimento capaz de transformar a realidade social dos moradores.
Há 14 anos, diversos projetos de manejo controlado da flora são desenvolvidos em comunidades como a de Galheiros, na zona rural de Diamantina, e de Andrequicé e Raiz, distritos de Presidente Kubitschek.
As novas perspectivas asseguram fonte de trabalho e renda para inúmeras pessoas e os projetos de manejo de flora garantem o cultivo sustentável das sempre-vivas no Alto Jequitinhonha.
Entre as ações destacam-se o cultivo de flores típicas em vaso para fins paisagísticos e a implantação de campos de flores experimentais para a confecção de artesanato. As práticas agregam valor aos produtos da flora nativa e garantem a oferta sustentável de matéria-prima, ampliando os potenciais do comércio local.
A região de biodiversidade farta tem no vínculo do sertanejo com as flores o caminho auspicioso para a manutenção da cultura popular integrada ao meio ambiente.
Deve ser por isso que o paisagista Roberto Burle Marx chamava os campos rupestres do Cerrado de “o jardim do Brasil”.
Fonte: NATIONAL GEOGRAPHIC BRASIL